sábado, 18 de dezembro de 2010

Fade to Black

E cá estamos, no último dia antes de irmos de férias de Natal.
Como era de esperar, tinha de nos acontecer alguma coisa, mesmo sem sairmos de casa... sim, porque quando nós nos preparávamos para sair é que tudo começou.
Basicamente, estamos sem luz (contingências da vida...), e foi fazer malas às escuras, lavar roupa às escuras, cozinhar às escuras, vamos comer à escuras... enfim...
Só nós para estarmos numa situação destas e estarmos felizes.
Ah, Sofia continua a querer praticar para barmaid, e abriu uma garrafa de vinho (sim, porque tínhamos de ter alguma coisa para nos alegrar a noite) de uma maneira um pouco peculiar. Como a rolha não subia...acabou descer... Mas funcionou!
Hoje descobrimos também que temos uma tomada perigosa cá em casa, na qual o anterior inquilino já tinha andado a mexer, e que se encontra exactamente ao pé das nossas camas... Ainda bem que a senhoria nos avisou antecipadamente!

Por agora é tudo.
A luz não permite muita escrita.
Quando voltarmos há mais aventuras!
Fiquem atentos estes dias, não vá alguma de nós lembrar-se de mais coisas e publicar.

Beijinhos

Joana e Sofia

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Jantar pouco sossegado

Decidimos, depois de um exame de manhã e uma tarde atribulada, ir dar uma voltinha pelo centro de Bruxelas, e ir jantar fora, para comemorar, mais que não seja, o início das férias de Natal.
O restaurante escolhido pela internet era muito porreiro, ambiente relaxante, música agradável, e tinha um aspecto meio alternativo, tal como nós gostamos. Parecia ideal.

O problema eram os vizinhos do lado... nós não temos muita sorte com vizinhos, como já devem ter percebido... os indivíduos em questão, desta vez, tinham o aspecto de serem da Máfia Russa, e não paravam de olhar, e chegaram mesmo a tirar fotografias (sorte a da Joana, que estava de costa... Sofia lá tentou esconder-se como pode). Entretanto, entre muitos comportamentos estranhos que tiveram, e depois de um deles se ter ido embora e voltado passado não sabemos quanto tempo, um deles batia com a cabeça na parede ou com as luvas na mesa, e o outro abanava a cabeça... De repente, levantam-se os dois, e vão-se embora, até que, quando nós já estávamos à entrada do restaurante para irmos para o metro, apareceu novamente e entrou. De facto não percebemos o que se passava ali.

No metro encontrámos um casal que era todo "muito mel", tanto que as pessoas ao lado deles pareciam bastante incomodadas... O mais cómico deste casal foi quanto a rapariga decide pôr os óculos do filme 3D que nós calculamos que eles tinham acabado de ir ver, e o rapaz, depois de dizer que ela estava muito gira, decidiu fazer o mesmo com os dele... E lá foram, no metro, e depois no caminho para o comboio, de mãos dadas, com óculos 3D. Em Portugal diz-se que há "amor e uma cabana" em Bruxelas pelos vistos há "amor em 3D".

Pela primeira vez andámos de comboio dentro de Bruxelas. Aqui tivemos mais sorte com os vizinhos, que, pelo menos, não tinham um ar estranho, só que eram... um casal. Para além do casal, fomos acompanhadas até parte do caminho por um rapaz com um ar muito perdido, que nós adoptámos como mascote porque tinha ar de Nenuco... Acreditamos que o rapaz levou o caminho todo a pensar que estávamos a gozar com ele, mas depois das personagem d'O Padrinho que vimos no restaurante, ele pareceu-nos boa companhia. Giro, giro foi que quando, ainda na paragem, nos levantamos para entrar, e ele estava à nossa frente, mal nos aproximámos tirou a camisola, ficando com uma t-shirt apesar da fresca temperatura (3º negativos).

Bem, por hoje é tudo, porque estamos demasiado cansadas.

Beijinhos.

Joana e Sofia

White Christmas


Como podem ver pela foto, tirada hoje depois do exame de Cuidados Intensivos no caminho para casa, estamos a viver um "white christmas".
Ontem, depois de um dia de chuva torrencial até às 18h, começou, de repente, a nevar, e o resultado foi mais ou menos este. Neste momento, estamos com sol e neve, um panorama que nos era ainda desconhecido :)

Uma peripécia desta manhã:
Acordámos cedo para ir para o exame, e tomámos o pequeno-almoço nas calmas (tínhamos tempo). Como um dos autocarro não passa aqui por volta da hora a que queríamos sair, tivemos de andar um pouco mais para chegar à paragem de autocarro. Tudo muito calmo até ao momento, só a expectativa do exame.
Chegando ao metro, constatámos algo estranho... Só passavam metros do lado oposto da linha, e o nosso, nem vê-lo. Estivemos à espera durante 20 minutos, até que o bendito metro decidiu chegar. A partir da estação da escola, fomos quase a correr (a neve não dá lá muito jeito para andar, e algumas foram as vezes que ameaçámos cair) até ao gabinete da nossa professora de cá, onde foi o ponto de encontro. Esbaforidas, lá chegámos a tempo, mesmo em cima da hora, e com um valente ataque de tosse... tão grande que a própria professora nos ofereceu chá, água e café.
No final do exame, para compensar esta peripécia, ficámos a conversar com a professora sobre os estágios, e ela ofereceu um chocolate a cada uma (chocolate este desejado por nós desde a noite passada, aquando do estudo).

É tudo por agora.

Beijinhos.

Yohanna (sim, no cartão da escola é este o meu nome lol... como adoro o estrangeiro =p) e Sofia

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

We're singing in the rain...

Descobrimos que a nossa casa tem ventilação...
Uma falha minúscula na parede da sala, tão pequenina que foi mesmo muito complicado encontrar... mas ainda assim, por onde entra frio e uma ou outra gota de chuva de tempos a tempos...

Beijinhos

Joana e Sofia

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Na saúde e na doença...

Joana e Sofia estão doentes...
Sim, as duas... ao mesmo tempo... com os mesmo sintomas...
Isto deve-se, provavelmente, ao cadeado "roubado" para a foto em Paris, na ponte em que os namorados juram amor eterno.
Joana e Sofia estão juntas, como podem ver, na saúde e na doença.

Beijinhos

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

C'est la vie en rose - Paris

Joana e Sofia foram passar o seu primeiro fim-de-semana fora. Destino: Paris!
Tivemos uma aventura com a compra dos bilhetes do TGV, cujos pormenores não irão ser revelados publicamente...
A viagem correu bem, apesar dos "vizinhos" fantásticos que nós tínhamos.
Depois de correrem para o TGV, e procurarem a linha certa, conseguimos dar com os lugares. Os nosso vizinhos... bem... altos, espadaudos, musculados... tipo George Clooney e Brad Pitt... Ou então não, ou seríamos nós muito felizes.
Basicamente eram dois homens de tenra idade. Um passou a vida no computador, desconfiado que a Sofia lhe estava a roubar as ideias do seu precioso trabalho. O outro, ao lado de Joana, olhava para nós, sorria, piscava o olho, estendia a perna, e quase se deitava em cima da Joana... Joana, que já estava farta disto, decide puxar o separador do banco, e o homem ficou muito espantado... Ao que parece, segundo Sofia, Joana ia entalando o braço do senhor. Sofia teve um ataque de riso, Joana estava mais séria.

Já em Paris, fomos fumar um cigarro, e quando Joana acaba de enrolar o dela, vem uma senhora falar com elas porque ficou fascinada com a máquina de enrolar. Conversa puxa conversa, e aparece, do nada, um rapaz que, ao ver que estamos a fumar tabaco de enrolar, nos estende o maço e diz para elas tirarem de lá cigarros... na verdade, foi-se embora tão depressa como chegou...

Fomos comprar os bilhetes de volta, para domingo, e deparamo-nos com uma fila deveras...grande...
Lá tivemos nós de esperar... Atrás de nós estava o Frodo... a sério...
A felicidade foi grande quando nos apercebemos que o bilhete foi mais barato que o de vinda, e em 1ª classe!

Andámos à procura do autocarro, que o primo da Joana tinha dito, e depois de Sofia se lembrar de seguir o caminho contrário àquele que o autocarro que viram (o mesmo que tinham de apanhar) estava a fazer, lá deram com a paragem.

Apanhámos imenso trânsito, porque naquela zona o trânsito estava caótico, mas chegámos ao destino. Procurámos o café que o primo da Joana tinha dito, mas, azar dos azares, estava já fechado...

Então, fomos à barraquinha de waffles, para comer. Ele chegou entretanto, e fomos até casa.

Até aqui tudo muito bem. Decidem ir jantar fora. Quando vai a levantar dinheiro, Joana fica sem o cartão... No dia seguinte ainda foram ao banco pedir para recuperar, mas o pedido foi negado. Pelos vistos Joana deve andar a roubar os seus próprios cartões, então é melhor ter cuidado e enviar para Portugal a confirmar que é mesmo a dona.

O resto do fim-de-semana foi fantástico, apesar de Joana ter ficado doente. Andámos imenso, para todo o lado, e o mais difícil foi acompanhar o andar rápido do primo. Ele anda mesmo muito depressa.
No final, estávamos prontas para ter um fim-de-semana para descansar, mas sentimos que aproveitámos em grande estes dias.
No comboio, ainda dormimos uma sestinha curta, porque não aguentávamos o cansaço.

Ainda tivemos de apanhar o metro até "perto" de casa, e, como ao domingo Bruxelas morre e não há autocarros, tivemos de andar cerca de 30 minutos a pé, com frio, cansadas... Ao chegarmos a casa até nos parecia mentira.

À noite dormiram que nem anjinhos, e de manhã ainda mal se conseguiam mexer... mas querem ir novamente a Paris :)

É tudo.

Johanna et Sophie (a forma como as nossas orientadoras escrevem os nossos nomes).

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mais uma semana, mais aventuras...

A partir daqui, como já temos internet, as actualizações serão mais frequentes, e os posts mais pequenos.

Joana e Sofia começam a habituar-se à nova vida em Bruxelas. Foram passear, depois de uma manhã na faculdade, pelo centro da cidade, e aproveitaram para procurar a estação de comboios. Depois de terem andado cerca de 20 minutos, muito encantadas com o que as rodeava, mas também muito perdidas, e depois de terem sido interpoladas por uns senhores de aspecto duvidoso, e de se terem perdido para tentar despistá-los, as raparigas encontram, finalmente, a Gare Central, que afinal era mais perto do metro do que pensavam. Pelos vistos é mesmo verdade que “às vezes é preciso perdermo-nos para nos encontrarmos”.
No dia seguinte, a caminho de casa, passam pelo hipermercado que há lá perto. Vêem uma secção apenas com decorações de Natal, fora do hipermercado, e têm a brilhante ideia de se enfiarem lá para escolher decorações para a casinha delas, de forma a torna-la ainda mais acolhedora. Isso nem foi difícil…o pior foi quando chegaram à caixa e não viram ninguém para receber o dinheiro. Depois de muito olharem à sua volta, observaram um casal que também tinha ido buscar decorações naquela secção, e que pegou as coisas e entrou no supermercado. Joana e Sofia apercebem-se que esperaram para nada, visto que aquilo seria pago na caixa do hipermercado, juntamente com as outras compras (o que é estúpido, porque podiam ter saído dali sem pagar nada, que ninguém notaria).

Já na caixa do hipermercado, Joana passa primeiro, para ir colocando as compras nos sacos, e Sofia vai pondo as compras no tapete. Quando Sofia passa para o lado da Joana os alarmes apitam… Joana e Sofia olham uma para a outra, Sofia volta a entrar, não fosse aquilo ser obra do ferro que tem nas costas (não, não iam roubar nenhum ferro… Sofia foi mesmo operada à coluna, e de vez em quando acontecem-lhe coisas deste género). Mas desta vez não foi culpa dela. Desta vez o senhor da caixa disse que era normal. que é por causa das roupas que lá compraram, e, de facto, quando ele passa o gorro, voltam-se a ouvir os alarmes.
Em casa, as raparigas contentam-se com um jantar que nada tem de especial (massa com panados de carne), mas que comparado com a fast-food que são obrigadas a comer ao almoço, por não encontrarem muito por onde escolher na faculdade, parece um manjar dos deuses. Sim, porque as raparigas bem que queriam fazer uma alimentação mais saudável, mas pelo que vêem na faculdade, a maioria dos alunos resume a sua alimentação a baguetes (que, diga-se de passagem, são gigantes) e pizzas, e mais outras coisas que elas ainda não sabem bem o que são, e que, para dizer a verdade, nem sabem assim tão bem como os colegas fizeram acreditar.
 
E já que se está a falar dos colegas, as raparigas sentiram-se de volta ao ensino secundário quando, no primeiro dia de faculdade, entraram na sala de convívio, a professora as apresentou, e a grande maioria dos alunos ficou a olhar para elas como se elas fossem seres de outro planeta. Poucos foram os colegas (foram 2) que logo à primeira as fizeram sentir-se bem ali, e Joana e Sofia acham que os engenheiros da escola ao lado são bem mais simpáticos, nem que seja por não saberem que elas são estrangeiras. No segundo dia, quando apresentadas às colegas numa aula, as duas raparigas já se sentiram melhor e as colegas já foram mais receptivas, apesar de ainda terem recebido alguns olhares um tanto ou quanto intimidantes de duas ou três.
O que lhes vale são as professoras, que são todas um amor com elas, e os senhores portugueses que são donos do café e do supermercado que ficam mesmo ao lado do edifício de enfermagem, e com os quais Sofia e Joana rapidamente travaram amizade… e sabe tão bem ouvir falar português. Se bem que o filho dos donos do café, quando soube que elas eram portuguesas, ficou a olhar para elas como se elas fossem peças num museu…tanto que a mãe lhe disse “não lhes metas medo!”, ao que Joana e Sofia gentilmente disseram “Não mete”, enquanto sorriam entredentes. E entenda-se aqui que o filho não é uma criança que olha curiosamente para as coisas… é um adulto, que fita de forma constrangedora. Ainda melhor é a marca do café que lá utilizam ser igual à marca que usam na ESEL, pelo que as raparigas se deliciam todas as manhãs com aquele cafezinho.

Falando das aulas… Bem… A primeira a que as raparigas foram assistir foi uma aula laboratorial de sondagem vesical. Apesar de terem compreendido tudo, e de terem visto algumas diferenças do que tinham aprendido para o que estava a ser ensinado, nada de muito estranho tinha acontecido… até ao momento em que as alunas são divididas em grupos, para realizarem o procedimento. Não se sabe se era porque a professora estava ocupada (porque, para além de nós, estavam lá mais duas alunas francesas que estavam ali para estagiar como professoras, e a professora conversou muito com elas), mas o que se viu em seguida nada se comparava com as aulas que Joana e Sofia tiveram. Ainda foram algumas as vezes em que jogaram as mãos à cabeça ao pensarem na assepsia, mas como só observaram um dos grupos a trabalhar, não podem garantir que todas as alunas tenham feito o procedimento da mesma forma. O que mais as espantou foi a utilização de algodão em vez de compressas e a forma como as embalagens do material eram abertas sobre o campo esterilizado... mas adiante…

Já estava quase esquecido o momento em que Joana e Sofia chegam tarde à faculdade, e vão falar sobre isso com a professora, e, após lhe dizerem que tinham apanhado o autocarro no sentido contrário (era o primeiro dia, pode acontecer a qualquer um, e principalmente é algo que não é nada estranho se acontecer a nós), a professora se ri, e, a partir desse dia, fica sempre preocupada que elas se percam, tanto que sugere que vão procurar antecipadamente os locais onde irão estagiar, e até lhes imprime os mapas e explica o caminho todo.

Momento cómico de um dia (já não se sabe ao certo qual), foi aquele em que a seguinte conversa se processa:
Sofia: Tenho de ir à Zara.
Joana: Por acaso eu também.
Sofia: Quero comprar uma mala sem ser de tiracolo.
Joana olha para Sofia durante 5 segundos: Eu quero uma mala de tiracolo.
Isto poderia ser sinal de que nunca estamos contentes com o que temos…

Algo engraçado passou-se quando compraram cerveja de cereja, da qual já tinham ouvido falar muito. Viram várias no hipermercado, e pegaram na mais barata. Chegando a casa, provaram, e foram bebendo com gosto, até que Sofia se põe a olhar para o rótulo. A cerveja chama-se nada mais, nada menos, que Mort Subite… Morte Súbita é sempre um bom nome para uma cerveja…Pelo menos sabe bem.

Por último, muitas palhaçadas já foram feitas pelas raparigas na neve. Parecem duas crianças autênticas, e têm ideia que quem passa por elas não compreende como é que elas estão tão felizes e a rir tanto quando está tanto frio. O pior foi quando, um dia, à saída do hipermercado, Joana vai um pouco mais à frente e ouve Sofia chamá-la, mas quando se volta para trás não a vê… Só lá está um casal com um bebé, que olham para o chão com um ar muito espantado. Joana acha que não pode ser coisa boa, e segue a direcção do olhar deles, para tentar perceber o que eles estão a ver, e nisto vê Sofia a levantar-se do chão enquanto se ri à gargalhada. Alguma de nós tinha de ser a primeira a cair, e ter demorado uma semana até foi um bom record, tendo em conta as nossas pessoas e a facilidade com que coisas parvas nos acontecem.

Como não só à Sofia acontecem destas coisas, quando Joana ia a caminho do estágio, no primeiro dia, ainda muito ensonada, depara-se com um microfone e uma câmara de filmar voltados para ela, enquanto um senhor lhe faz uma pergunta que a rapariga nem sequer quis ter tempo de processar, porque fugiu a sete pés.

E mais um momento brilhante que mostra a nossa imensa sanidade mental:
Sofia: Aqui os peitos de frango têm ossos?
Joana fica a olhar para o prato de Sofia, e depois diz: Sofia, isso é uma batata…

Além de tudo isto, há algo importante que nos esquecemos de contar. Sendo que uma das vizinhas tem um cão, outra tem gatos, porque não poderiam as raparigas ter também um animal de estimação? Eis que uma noite o bicho surge… na janela do quarto… não se sabe vindo de onde… a mosca amestrada, a nossa nova companheira de casa… que, já agora, ou morreu, ou fugiu não se sabe bem como (porque não abrimos as janelas) ou andas escondida.

Joana e Sofia passeiam-se na baixa de Bruxelas depois do primeiro dia de estágio, e mais uma vez fazem furor. Uma cena caricata foi uma senhora inglesa, com muito bom ar… era “chiquibem”… primeiro pergunta-lhes onde pode carregar o telemóvel, coisa que as duas raparigas também gostavam de descobrir; segundo, e o mais parvo, quando elas iam voltar ao seu caminho, a senhora pede-lhes 1 euro… Joana e Sofia respondem que não têm porque também são turistas…
No mesmo dia, quando foram comprar trufas de chocolate ao mercado de Natal, as raparigas passam por dois rapazes que ficam a olhar. Depois notam que eles param, andam um bocadinho para a frente, um bocadinho para trás, e, quando dão por elas, já Joana está a dizer à Sofia: “miga, os gajos estão mesmo aqui ai lado”. O que provavelmente os assustou foi o magnifico sotaque de Joana e Sofia (sim, é verdade, principalmente quando comparado com o sotaque que os belgas têm) quando falaram em inglês com o senhor da barraquinha.

Por agora é tudo.
Estamos a adorar isto, mas temos imensas saudades vossas!

Beijinhos,
Joana e Sofia

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Primeiras aventuras

Este post é mais comprido porque tem as peripécias de 2 dias... não tivemos acesso à internet antes.

Joana e Sofia mal chegaram, já começam com as suas cenas...
Então, a começar na noite antes do voo, Joana queria imprimir os bilhetes, após fazer o check-in, mas não tinha folhas brancas... Sofia, por sua vez, estava retida em casa (por causa de uma senhora dona prima da senhoria), e tinha folhas...o que Joana pensou ser útil... até ao momento em que a Sofia diz "não tenho tinteiros".
Joana desespera por folhas, e as duas acabam com 4 bilhetes: dois que a Sofia imprimiu, que não se vê quase nada... e 2 que a Joana imprimiu no verso de umas folhas de um bloco de notas da Remicade (pessoal de Infecto, lembram-se deste bloco?!).

O início da viagem estava a correr às mil maravilhas, tirando quando chegam à segurança do aeroporto e acontecem duas coisas caricatas...
1º: o secutira vira-se para a Sofia e pede para ela tirar o casaco e.... o gorro... sim, porque ela podia ter uma arma na cabeça;
2º: Joana viu que Sofia teve de tirar o portatil para mostrar, e tirou o dela, e também a bolsa do disco externo..mas pelos vistos podemos ter armas nas bolsas do disco externo, que não há problema... não pode é ser nas bolsas de portátil e nos gorros...

Até aterrarmos em Madrid, onde fizemos escala, até nos parecer estranho estar tudo tão normal. A viagem foi super-rápida, tanto que nem desapertámos os cintos. Seja como for, Joana e Sofia esperavam que a viagem fosse de 2 horas, conforme indicava no bilhete (10h-12h), só não contavam que as 12h fossem a hora de Madrid, e não de Portugal.

Pararam para almoçar no Mac, onde ficaram muito satisfeitas por ser melhor que em Portugal (pelo menos o MacPollo lool).
Depois é que começam as peripécias... isto é, a normalidade para nós...
Vamos lá saber porquê, ficámos retidas dentro do avião durante 45 minutos, às voltinhas no aeroporto. Depois, quando o avião descolou, um senhor na fila do lado começou a roncar... coitado do senhor, que quando aterrou devia ter uma dor de pescoço terrível pela posição pouco ortodoxa em que se encontrava.
Joana e Sofia começaram a ficar com fome, e acabaram por comer uma salada de atum a meias (que mal dava para a cova de um dente), com um garfo tamanho XXS e uma colher.

Na chegada, andaram atrás do rebanho. Sofia pensou que o aeroporto até era pequeno, mas arrependeu-se disso mal virou uma das muitas esquinas e viu um corredor tamanho XXL. Depois de terem encontrado o sítio para irem buscar as malas, Sofia foi muito rápida, e Joana quis imitá-la e deu bronca... isto é... ia roubando a mala a um rapaz deveras jeitoso que estava ao lado dela (mas Joana jura que não fez isto de propósito, coisa que Sofia não acredita).

Depois de muita gente atropeladas pelas malas, Joana e Sofia vão fumar antes de entrar para o táxi, e eis que Sofia decide pedir um isqueiro a um jovem também "muito pouco" jeitoso (cof, cof) que estava ao pé de nós. Após gentilmente lhe ceder o isqueiro, o jovem começou a ficar com imenso calor (sim, porque a temperatura em Bruxelas melhorou com a nossa chegada...ou então não!), e nisto Joana e Sofia deparam-se com um rapaz de boxers em plena entrada do aeroporto... mais uma vez, nós juramos que estamos inocentes!

O táxi foi muitoooooooooo caro... mas o senhor foi simpático, e não arredou pé até estarmos dentro de casa. Contudo, não foi fácil entrar, visto que, por engano do tio da Joana, as raparigas eram esperadas apenas na segunda-feira...
A dona da casa foi super-simpática, e deixou-as entrar, recebendo as raparigas com um saco que continha algumas iguarias, e com um amigo especial: Hilaire Rondeau (um belo vinho rosé).
Ao entrarem no estúdio, depois de muita guerra com as malas (até porque as escadas têm cantos e não há luz até quarta-feira), ficaram mais animadas. Sofia, contudo, decide fazer um inspecção à casa, e com o talento de observação inerente a uma enfermeira detectou rapidamente teias de aranha... no entanto, até agora ainda as viu (mas leiam mais à frente e digam que a Joana não é amiguinha).
Apesar da fome, andaram a arrumar roupas e fazer uma limpeza inicial. Resultado: a sala tem umas prateleiras (foto em breve no facebook) que mais parecem o expositor de uma loja de roupa porque o roupeiro é demasiado pequeno (são roupas de Inverno, sim?! Ocupam espaço...).

As camas foram também uma comédia, mas desta vez Sofia não se esqueceu dos lençóis (ainda se lembram da história em casa da Joana na qual Sofia faz uma cama rapidamente sem os lençóis?).
Depois de arrumações feitas, decidem fazer um brinde. Encontram um saca rolhas que não percebem como funciona (foto também será disponibilizada em breve... depois vêem do que falamos). Joana e Sofia, como têm muita experiência em bares, julgam que já adquiriram a competência de abrir aquela garrafa com tal utensílio e que são capazes de tamanha proeza... e não é que foram mesmo?! PRIMEIRA CONCLUSÃO DE ERASMUS: Joana e Sofia estão aptas a abrir um bar. Yeeeeaaa!!!

Mas como para beber o vinho são necessários copos, as raparigas decidem lavá-los... Contudo não havia detergente e o belo do esfregão não se encontrava nas melhores condições. Qual a solução encontrada? Toalhitas desmaquilhantes! Resultado: vinho com sabor refinado garantido!

Depois disto, as raparigas estiveram a ver um filme, e depois arrastaram-se até às camas (e é uma árdua tarefa quando se tem sono... fotos serão também disponibilizadas).

No segundo dia, estavam as raparigas e arranjar-se para sair, e Joana confirma as piores suspeitas de Sofia, e vê uma  aranha na janela. Como Sofia estava distraída a esticar o cabelo, Joana pega no maço de tabaco e mata a aranha, sem dizer nada. Sofia reparou no gesto, mas não desconfiou... Afinal Joana podia estar só a limpar o pó ou a acenar a alguém na rua.

Passados uns momentos, já fora de casa, Joana e Sofia descobrem que não têm café ao pé de casa, nem têm açúcar para beber o seu café em casa. Conclusão: tiveram de ir urgentemente às compras. MAS Bruxelas ao Domingo pára... não há cafés, centros comerciais, nem super-mercados... A dona da casa, depois de lhes ter mostrado a faculdade (com a qual elas ficaram encantadas, porque até tem um café português - marca camelo - e lavandaria), levou-as a um mini-mercado em Stockel. Elas fizeram as compras, o problema foi pagar... Passando a explicar: primeiro os sacos eram poucos, e o senhor da caixa já só ria com as nossas tentativas de arrumação. Depois, quando Joana quis tirar o cartão para pagar, a carteira não abria... Maldito cartão de estágio, que impedia que o fecho progredisse. O senhor da caixa ria ainda mais, perguntou se Joana queria ajuda, e o senhor que estava atrás de nós deve ter pensado que estava no melhor lugar da fila por ser possível assistir ao espectáculo.
Depois disso, carregaram com as compras durante 3 horas em busca de um café... já vos dissemos que ao domingo Bruxelas faz greve? Pois, não encontrámos...
Lá conseguimos abrigo numa paragem de autocarro, que parecia um coreto, e era abrigada... mas não muito para o -3º que se faziam sentir, principalmente nós pés e mãos... bem como nariz. Importa dizer que até ao momento em que vimos -3º na placa da rua, não achámos Bruxelas assim tão frio... efeito psicológico é lixado!

A dona da casa vai buscá-las à hora combinada, e eis que surge uma nova aventura! Limpar a casa decentemente. Lá andámos de rabo para o ar, a limpar todos os cantinhos, e lavar todas as loiças, e tudo, e tudo, e tudo. Com isto, descobrimos que temos um shaker.. Podemos MESMO abrir um bar.

Após as limpezas feitas, surge a hora de fazer o jantar. Sofia prepara as coisas, Joana faz café, e Sofia repara que não consegue ligar os bicos do fogão, e que o número de fósforos é diminuto. Nisto, começam em busca do problema que afecta o nosso fogão, e Joana, após afastar microondas, lá descobre a torneira de segurança. Joana tenta abrir, mas tem o braço curto...Sofia chega lá, mas não consegue... Joana pega num pano, afasta o microondas da frente, e consegue solucionar... Agora...não há fósforos!
Joana olha em volta, rasga a caixa de fósforos, e conseguem acender dois dos bicos do fogão com os papel da caixa depois de lhe pegarem fogo com o isqueiro.
Para acender o forno, foi mais chato. Joana conseguiu usar um restício de fósforo, mas Sofia conseguiu, ao colocar a comida, fechar a porta com tamanha brusquidão, que o forno apagou-se... Joana e Sofia tentam acender de novo com o auxílio de um pauzinho de incenso, mas acham melhor utilizar o microondas... e correu bem.

A massa, contudo, teve um mini-precalço... Quando Sofia a estava a escorrer, queimou-se, e eis que a massa foi parar ao lava loiça... Joana e Sofia, como quem não quer a coisa, pegam em colheres, e começam a socorrer a massa novamente para dentro do tacho. Joana lava não sabe quantas vezes a massa, e como dizem que o que não mata, engorda, a massa foi o nosso belo jantar, e estava por sinal muito boa.

Por hoje esperemos que seja tudo, mas não temos certeza.

Fiquem bem. Esperemos que tenham gostado.

Joana e Sofia

sábado, 27 de novembro de 2010

Dia antes da partida

E cá estou... ansiosa como as crianças no natal... Enquanto for este tipo de ansiedade, ando eu feliz da vida...
Eu vou... e quero ir... mas ao mesmo tempo tenho muita vontade de ficar...

Au revoir :)

Joana

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quarta-feira anterior à partida

Só para dizer que quase tinha um ataque de pânico quando soube que sábado, dia da nossa chegada, se calcula que estejam entre 4º e -3º (!!!!)... Se não dermos sinais de vida até por volta das 21h, hora de Portugal, é sinal de ficámos congeladas à saída do aeroporto...

Joana

domingo, 21 de novembro de 2010

O início

Bem, penso que posso falar pelas duas quando digo que só me apercebi que realmente ia estar longe dos meus amigos e da minha família quando a professora coordenadora de Erasmus diz, numa das reuniões, "Agora é como se já estivessem em viagem". Neste momento olhei para a Sofia e pensei "what?"...
Agora está feito... não há como voltar atrás... não tenho opções... o que me assusta...
Era tudo muito mais fácil e mais bonito quando Erasmus e Bruxelas eram ainda algo distante.
Daqui a uma semana irá começar...
Daqui a uma semana já estaremos no frio de Bruxelas...
Daqui a uma semana só voltaremos a Portugal passado quase um mês...
E isso assusta-me... mas ao mesmo tempo, faz-me sentir bem.
Citando a Sofia, numa mensagem que me enviou, "estou ansiosa, contente, e assustada"... pois... é assim mesmo que eu me sinto...
Mas acho que é normal.
Aqui, como devem calcular, vão estar todas as nossas peripécias dos nossos tempos por lá.
Como sabem aqueles que nos conhecem, nunca temos histórias engraçadas para contar (cof, cof)... né?!
E como hoje não há mesmo mais nada para dizer, fiquem à espera do dia em que aterramos em Bruxelas, porque estou com o pressentimento que desde o primeiro minuto vamos ter surpresas.

Joana