terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mais uma semana, mais aventuras...

A partir daqui, como já temos internet, as actualizações serão mais frequentes, e os posts mais pequenos.

Joana e Sofia começam a habituar-se à nova vida em Bruxelas. Foram passear, depois de uma manhã na faculdade, pelo centro da cidade, e aproveitaram para procurar a estação de comboios. Depois de terem andado cerca de 20 minutos, muito encantadas com o que as rodeava, mas também muito perdidas, e depois de terem sido interpoladas por uns senhores de aspecto duvidoso, e de se terem perdido para tentar despistá-los, as raparigas encontram, finalmente, a Gare Central, que afinal era mais perto do metro do que pensavam. Pelos vistos é mesmo verdade que “às vezes é preciso perdermo-nos para nos encontrarmos”.
No dia seguinte, a caminho de casa, passam pelo hipermercado que há lá perto. Vêem uma secção apenas com decorações de Natal, fora do hipermercado, e têm a brilhante ideia de se enfiarem lá para escolher decorações para a casinha delas, de forma a torna-la ainda mais acolhedora. Isso nem foi difícil…o pior foi quando chegaram à caixa e não viram ninguém para receber o dinheiro. Depois de muito olharem à sua volta, observaram um casal que também tinha ido buscar decorações naquela secção, e que pegou as coisas e entrou no supermercado. Joana e Sofia apercebem-se que esperaram para nada, visto que aquilo seria pago na caixa do hipermercado, juntamente com as outras compras (o que é estúpido, porque podiam ter saído dali sem pagar nada, que ninguém notaria).

Já na caixa do hipermercado, Joana passa primeiro, para ir colocando as compras nos sacos, e Sofia vai pondo as compras no tapete. Quando Sofia passa para o lado da Joana os alarmes apitam… Joana e Sofia olham uma para a outra, Sofia volta a entrar, não fosse aquilo ser obra do ferro que tem nas costas (não, não iam roubar nenhum ferro… Sofia foi mesmo operada à coluna, e de vez em quando acontecem-lhe coisas deste género). Mas desta vez não foi culpa dela. Desta vez o senhor da caixa disse que era normal. que é por causa das roupas que lá compraram, e, de facto, quando ele passa o gorro, voltam-se a ouvir os alarmes.
Em casa, as raparigas contentam-se com um jantar que nada tem de especial (massa com panados de carne), mas que comparado com a fast-food que são obrigadas a comer ao almoço, por não encontrarem muito por onde escolher na faculdade, parece um manjar dos deuses. Sim, porque as raparigas bem que queriam fazer uma alimentação mais saudável, mas pelo que vêem na faculdade, a maioria dos alunos resume a sua alimentação a baguetes (que, diga-se de passagem, são gigantes) e pizzas, e mais outras coisas que elas ainda não sabem bem o que são, e que, para dizer a verdade, nem sabem assim tão bem como os colegas fizeram acreditar.
 
E já que se está a falar dos colegas, as raparigas sentiram-se de volta ao ensino secundário quando, no primeiro dia de faculdade, entraram na sala de convívio, a professora as apresentou, e a grande maioria dos alunos ficou a olhar para elas como se elas fossem seres de outro planeta. Poucos foram os colegas (foram 2) que logo à primeira as fizeram sentir-se bem ali, e Joana e Sofia acham que os engenheiros da escola ao lado são bem mais simpáticos, nem que seja por não saberem que elas são estrangeiras. No segundo dia, quando apresentadas às colegas numa aula, as duas raparigas já se sentiram melhor e as colegas já foram mais receptivas, apesar de ainda terem recebido alguns olhares um tanto ou quanto intimidantes de duas ou três.
O que lhes vale são as professoras, que são todas um amor com elas, e os senhores portugueses que são donos do café e do supermercado que ficam mesmo ao lado do edifício de enfermagem, e com os quais Sofia e Joana rapidamente travaram amizade… e sabe tão bem ouvir falar português. Se bem que o filho dos donos do café, quando soube que elas eram portuguesas, ficou a olhar para elas como se elas fossem peças num museu…tanto que a mãe lhe disse “não lhes metas medo!”, ao que Joana e Sofia gentilmente disseram “Não mete”, enquanto sorriam entredentes. E entenda-se aqui que o filho não é uma criança que olha curiosamente para as coisas… é um adulto, que fita de forma constrangedora. Ainda melhor é a marca do café que lá utilizam ser igual à marca que usam na ESEL, pelo que as raparigas se deliciam todas as manhãs com aquele cafezinho.

Falando das aulas… Bem… A primeira a que as raparigas foram assistir foi uma aula laboratorial de sondagem vesical. Apesar de terem compreendido tudo, e de terem visto algumas diferenças do que tinham aprendido para o que estava a ser ensinado, nada de muito estranho tinha acontecido… até ao momento em que as alunas são divididas em grupos, para realizarem o procedimento. Não se sabe se era porque a professora estava ocupada (porque, para além de nós, estavam lá mais duas alunas francesas que estavam ali para estagiar como professoras, e a professora conversou muito com elas), mas o que se viu em seguida nada se comparava com as aulas que Joana e Sofia tiveram. Ainda foram algumas as vezes em que jogaram as mãos à cabeça ao pensarem na assepsia, mas como só observaram um dos grupos a trabalhar, não podem garantir que todas as alunas tenham feito o procedimento da mesma forma. O que mais as espantou foi a utilização de algodão em vez de compressas e a forma como as embalagens do material eram abertas sobre o campo esterilizado... mas adiante…

Já estava quase esquecido o momento em que Joana e Sofia chegam tarde à faculdade, e vão falar sobre isso com a professora, e, após lhe dizerem que tinham apanhado o autocarro no sentido contrário (era o primeiro dia, pode acontecer a qualquer um, e principalmente é algo que não é nada estranho se acontecer a nós), a professora se ri, e, a partir desse dia, fica sempre preocupada que elas se percam, tanto que sugere que vão procurar antecipadamente os locais onde irão estagiar, e até lhes imprime os mapas e explica o caminho todo.

Momento cómico de um dia (já não se sabe ao certo qual), foi aquele em que a seguinte conversa se processa:
Sofia: Tenho de ir à Zara.
Joana: Por acaso eu também.
Sofia: Quero comprar uma mala sem ser de tiracolo.
Joana olha para Sofia durante 5 segundos: Eu quero uma mala de tiracolo.
Isto poderia ser sinal de que nunca estamos contentes com o que temos…

Algo engraçado passou-se quando compraram cerveja de cereja, da qual já tinham ouvido falar muito. Viram várias no hipermercado, e pegaram na mais barata. Chegando a casa, provaram, e foram bebendo com gosto, até que Sofia se põe a olhar para o rótulo. A cerveja chama-se nada mais, nada menos, que Mort Subite… Morte Súbita é sempre um bom nome para uma cerveja…Pelo menos sabe bem.

Por último, muitas palhaçadas já foram feitas pelas raparigas na neve. Parecem duas crianças autênticas, e têm ideia que quem passa por elas não compreende como é que elas estão tão felizes e a rir tanto quando está tanto frio. O pior foi quando, um dia, à saída do hipermercado, Joana vai um pouco mais à frente e ouve Sofia chamá-la, mas quando se volta para trás não a vê… Só lá está um casal com um bebé, que olham para o chão com um ar muito espantado. Joana acha que não pode ser coisa boa, e segue a direcção do olhar deles, para tentar perceber o que eles estão a ver, e nisto vê Sofia a levantar-se do chão enquanto se ri à gargalhada. Alguma de nós tinha de ser a primeira a cair, e ter demorado uma semana até foi um bom record, tendo em conta as nossas pessoas e a facilidade com que coisas parvas nos acontecem.

Como não só à Sofia acontecem destas coisas, quando Joana ia a caminho do estágio, no primeiro dia, ainda muito ensonada, depara-se com um microfone e uma câmara de filmar voltados para ela, enquanto um senhor lhe faz uma pergunta que a rapariga nem sequer quis ter tempo de processar, porque fugiu a sete pés.

E mais um momento brilhante que mostra a nossa imensa sanidade mental:
Sofia: Aqui os peitos de frango têm ossos?
Joana fica a olhar para o prato de Sofia, e depois diz: Sofia, isso é uma batata…

Além de tudo isto, há algo importante que nos esquecemos de contar. Sendo que uma das vizinhas tem um cão, outra tem gatos, porque não poderiam as raparigas ter também um animal de estimação? Eis que uma noite o bicho surge… na janela do quarto… não se sabe vindo de onde… a mosca amestrada, a nossa nova companheira de casa… que, já agora, ou morreu, ou fugiu não se sabe bem como (porque não abrimos as janelas) ou andas escondida.

Joana e Sofia passeiam-se na baixa de Bruxelas depois do primeiro dia de estágio, e mais uma vez fazem furor. Uma cena caricata foi uma senhora inglesa, com muito bom ar… era “chiquibem”… primeiro pergunta-lhes onde pode carregar o telemóvel, coisa que as duas raparigas também gostavam de descobrir; segundo, e o mais parvo, quando elas iam voltar ao seu caminho, a senhora pede-lhes 1 euro… Joana e Sofia respondem que não têm porque também são turistas…
No mesmo dia, quando foram comprar trufas de chocolate ao mercado de Natal, as raparigas passam por dois rapazes que ficam a olhar. Depois notam que eles param, andam um bocadinho para a frente, um bocadinho para trás, e, quando dão por elas, já Joana está a dizer à Sofia: “miga, os gajos estão mesmo aqui ai lado”. O que provavelmente os assustou foi o magnifico sotaque de Joana e Sofia (sim, é verdade, principalmente quando comparado com o sotaque que os belgas têm) quando falaram em inglês com o senhor da barraquinha.

Por agora é tudo.
Estamos a adorar isto, mas temos imensas saudades vossas!

Beijinhos,
Joana e Sofia

1 comentário:

Marta C. disse...

"Sofia: Aqui os peitos de frango têm ossos?
Joana fica a olhar para o prato de Sofia, e depois diz: Sofia, isso é uma batata…"


Ahahahahahhahah! Ri-me tanto com isto! :D

Continuem a divertir-se! :) Até breve!