sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Noite surreal em Bruxelas

Ora bem, aqui mais novidades sobre a nossa estadia em Bruxelas.

Ontem saímos cedo do estágio, e decidimos fazer um resto de dia perfeito para gajas... portanto começamos por ir às compras!

A caminho do metro ouvimos alguém a perguntar "qual é o teu perfume?". Joana olha para o rapaz e diz que não sabe... este vira-se para Sofia e repete a pergunta, ao que ela responde o mesmo... Não tivemos a certeza sequer a quem é que ele fez a pergunta, e a Sofia não tinha ouvido a resposta da Joana... o rapaz, coitado, é que olhou para nós e refilou qualquer coisa como: "Então usam o perfume e não sabem qual é?!".

Depois de muitas lojas percorridas, entrámos na Levi's, porque Sofia continuava em busca dos seus jeans. Nisto, um rapaz vira-se para nós e pergunta "Posso tirar-vos as medidas?", ao que nós devemos ter feito uma cara tão parva que ele desbobinou imediatamente um discurso sobre as medidas e o modelo de calças mais adequados. Como Sofia andava em busca de calças, lá deixou o rapaz tirar as medidas, enquanto Joana só conseguia rir, sendo acompanhada por outros rapazes que observavam a situação. Importa salientar que o rapaz da loja foi muito simpático e educado, e até perguntou a Sofia se ela queria saber as medidas e disse que estava "muito bem".

Ao jantar fomos a um restaurante asiático. O senhor que nos veio atender não podia ser totalmente normal, óbvio, e pareceu-nos ter um distúrbio obsessivo compulsivo com a ordem e disposição dos talhares, guardanapos, pratos, copos, garrafas...enfim...tudo o que preenchia a nossa mesa, incluindo os toalhetes de mesa, que tinham de estar super alinhados.

Depois fomos a um café muito simpático, onde toda a gente ficou a olhar para nós, e onde demoramos a ser atendidas porque aquilo é pequeno, estava quase cheio, e o empregado estava a dormir um sestinha... Quando Sofia pede os cafés, tal não era o sono do rapaz, ele pede para ela esperar, vai baixar a música, e depois pede-lhe para ela repetir. Garantimos que ele tinha umas olheiras maiores que as nossas.

Em seguida decidimos ir ao "nosso" bar (adoramos mesmo!), e tal não é o nosso espanto quando, à chegada, o barman nos reconhece (apesar de só lá termos ido duas vezes) e faz uma grande festa quando nós entramos. O resto da noite foi passado com muita risota...
Primeiro reparámos que estavam dois gajos a olhar bué, sendo que Joana diz e afirma que um deles é o John Travolta no filme Grease! Ao fim de um bocado esse Travolta começa a falar com a "quer frô" (sim, porque aqui também há mulheres que fazem isto) que depois se dirige à nossa mesa com duas rosas. Sofia tinha percebido, Joana não... o que podiam elas fazer para além de agradecer?!

Mais uns homens, um deles então, coitado, já fora do prazo por completo, capaz de provocar uma indigestão, e muitos olhares na nossa direcção... Um deles, que parecia o Shrek, contudo, não deve ter percebido que não estávamos de todo interessadas, visto que se veio despedir de nós com um beijinho (maneira belga) antes de se irem embora...note-se que nem disse "olá" nem "boa noite" nem nada. Nós, claro, mal tivemos reacção...

O Travolta, entretanto, não tinha desistido, e, quando se estava a ir embora com o amigo, disse adeus de longe, e ainda fez sinal para que nós fossemos com eles.

Ao mesmo tempo, dois homens passam para a casa de banho. Primeiro um, que olha para nós com um ar que, na sua ideia, devia ser muito sexy, e o outro entra passados apenas alguns segundos, fazendo uma cara idêntica. Nós só nos conseguimos rir... e o mais giro é que eles levaram eternidades lá dentro, fazendo-nos pensar num romance gay, e o primeiro que volta vem a abotoar as calças.

Pouco depois entram dois indivíduos que, a caminho da mesa indicada pelo barman, olham para as duas cadeira que estavam livres na nossa mesa, e só comentavam: "estão ali duas cadeiras". Quando se sentaram, um deles fez como se fosse a cair para se chegar à nossa mesa, mas ficaram sossegados no seu canto.

Estranho foram outros dois, também já um bocado fora do prazo, coitados, que vão a passar na rua, olham para nós, voltam para trás e sentam-se na mesa ao lado da nossa, completamente virados para nós. Vá lá que nem disseram nada, e foram embora após uma cerveja (que estava difícil de acabar).

Um outro homem entra, e senta-se numa cadeira no bar à nossa frente, olhando imenso na nossa direcção. Olha, suspira, passa a mão pelo cabelo, abana o casaco em jeito de quem está com calor...mas não diz nada, felizmente. Entretanto em volta dele, juntaram-se os "amigos" que tinham vindo da casa-de-banho (do romance gay) e mais uns quantos que estavam com eles no bar. O rapaz, coitado, teve de mudar de posição para nos poder ver, e foi arrastar cadeira, por-se de pé...enfim... desconfiamos que ele foi enviado para nos vigiar, tal não foi o esforço de nos manter no seu campo de visão. Mas podemos considerar que não é de todo burro, porque "se não pode vencê-los, junta-te a eles", e quando nos fomos embora já estava a conversar muito animado com os que estavam entre nós e ele.

Os da casa-de-banho não desistiram, e por várias vezes vieram meter conversa... Blá blá blá, Portugal para aqui, blá blá blá, Manneken-Pis para ali, e estão a gostar disto?, e têm um sorriso bonito!, e esta noite é para diversão!...
Joana ainda olhou para outros dois rapazes que entretanto se tinham sentado ao lado delas em busca de alguma ajuda, mas eles só olhavam... olhavam... olhavam...
Nisto um dos da casa-de-banho (o Jean Christophe, já agora) vem na nossa direcção pela não-sabemos-quantésima vez com dois bilhetes de entrada grátis numa discoteca ali próximo, que parece ser muito conhecida. Depois de muito insistirem, mantemo-nos fiéis e dissemos que se fossemos lá seria hoje ou amanhã, ontem não.

Uma amiga deles é que não pareceu achar-nos grande piada, porque quando ele disse os nossos nomes, ela fez uma nada simpática e virou-se para o seu outro amigo que vinha na nossa direcção e disse "non!". Esteja descansada, amiga, que ele não faz de todo o nosso género, e não tencionamos arruinar o seu negócio.
Quem nos veio salvar deles foi o barman, que apareceu a dançar e nos permitiu um tempo para sair dali. Note-se que o barman é nosso amigo, e manteve-nos debaixo de olho a noite toda, não fosse alguma coisa correr mal.

À saída do bar ainda houve tempo para mais dois se meterem connosco... estes dois também tinham ido à casa-de-banho antes, mas nós saímos rapidamente, nem demos tempo para mais conversa. Só conseguíamos rir, claro, porque estava a ser uma noite surreal.

Ainda passámos pela discoteca, a caminho do táxi, e o segurança disse que tinha convites para nós. Nós dissemos que já tínhamos dois, e ele responde "então serão sempre bem-vindas".

No táxi as coisas foram mais calmas... até chegarmos a um túnel onde começámos a ver os carros a diminuir a velocidade. Deparámo-nos com um grande acidente, em que o carro capotou, e o rapaz que lá ia dentro estava estendido no chão. O parvo é que os amigos estavam a tentar levantá-lo... De resto, pareceu estar muito bêbado, e pelo menos não houve mortes. Depois de uma noite a rir, com música brutal, isto deixou-nos um bocadinho em choque.

Em casa, lembrámo-nos dos bolos que tínhamos comprado à hora de almoço... felizmente estavam sãos e salvos.

E hoje à noite é noite de encontro de alunos Erasmus da nossa escola :)

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